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Desmantelamento do SUS

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Que o atual governo federal foi eleito com a clara proposta de desmantelamento da estrutura pública do país, além de outras inúmeras ideologias contrárias aos interesses do povo, isso não é segredo para ninguém. Muito embora, encontraremos diuturnamente aqueles que se farão de desentendidos, como se fosse uma surpresa a ruína que está se tornando o Brasil em vários aspectos. Todos foram avisados antes mesmo de Jair Bolsonaro ser eleito, mas a afinidade de parte da população com seus discursos de ódio e a falta de consciência de classe do cidadão brasileiro foi como um cheque em branco para alguém que fugia dos debates e não apresentava propostas concretas de interesse da população. Bastava um simples olhar para seu histórico como parlamentar e era evidente o tipo de gestão que teríamos, ou melhor, a falta dela.

Dentre os inúmeros alvos de ataques do governo Bolsonaro, a saúde está sofrendo de forma brutal e paulatina com as ações calculadas e orquestradas para enfraquecimento das políticas públicas prestacionais de saúde, deixando a população vulnerável. Sendo quase sempre as teratológicas tomadas de decisões feitas com fundamento ideológico, ou mesmo por despreparo no exercício da função. Sem contar os interesses escusos de desestruturação da "coisa pública" para crescimento e expansão dos interesses privados; que seguem beneficiando uma minoria elitista nesse país.

Recentemente, além do descaso com o número de brasileiros mortos, o que já passa de 178 mil; outras desastrosas ações repercutiram internacionalmente. O governo federal tentar ocultar milhões de testes RT-PCR no armazém do Ministério da Saúde estão prestes a vencer. O jornal O Estado de S. Paulo revelou que 7,1 milhões de exames estão em um depósito do ministério, em Guarulhos (SP), ou seja, não foram enviados ao SUS em plena pandemia. Do total encalhado, 96% perdem a validade nos dois próximos meses. Esse estoque é superior aos 5 milhões de exames realizados até agora no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, Jair Bolsonaro optou por cobertura mínima na aliança mundial pela vacina da Covid-19. Era permitido solicitar atendimento para até 50% da população, mas o Brasil optou por apenas 10%.

As duas últimas notícias dessa semana são realmente desoladoras. A primeira é que o Ministério da Saúde deixou vencer um contrato e suspendeu os exames de genotipagem no SUS para pessoas que vivem com HIV, aids (a doença causada pelo vírus) e hepatites virais. O teste é essencial para definir o tratamento mais adequado para quem desenvolve resistência a algum medicamento. A segunda triste notícia é sobre os cortes em programas de saúde mental que reacendem lógica de manicômios. Para a pesquisadora Mônica Nunes, do GT Saúde Mental da Abrasco, o desmonte faz o país regressar a tratamentos violentos e segregadores.

O SUS foi instituído pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 para atender ao mandamento constitucional que classifica a saúde como um direito de todos e dever do Estado. A partir da sua criação, toda a população brasileira passou a ter direito à saúde universal gratuita, financiada com recursos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde existentes, o SUS é descrito pelo Ministério da Saúde como "um sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos".

Logo, o SUS não está sendo desmantelado de forma radical e perceptível aos olhos da maioria, está sendo de forma paulatina, de portaria em portaria, de omissão em omissão. E quem paga a conta com suas vidas é o povo brasileiro diante de uma administração federal genocida. Defenda o SUS.

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